A VIDA E A OBRA DO MAESTRO

Linha do tempo

1836

Nasce em 11 de julho, na Vila de São Carlos, atual cidade de Campinas (SP), filho de Manoel José Gomes (1792-1868), conhecido como Maneco Músico, e Fabiana Maria Jaguary Cardoso. É chamado em ambiente familiar de “Tonico”.

1846

Estuda música com o pai, mestre de capela da Vila de São Carlos por mais de 50 anos, tendo acesso ao seu grande acervo de partituras, composto por música ligeira, óperas e cerca de 300 peças sacras, inclusive de autores mineiros do século XVIII e do Padre José Maurício Nunes Garcia (1767-1830). Passa a integrar, junto com seus irmãos, a banda de música dirigida por seu pai. Participam de cerimônias religiosas, concertos e bailes.

1846

No Rio de Janeiro é fundado o Conservatório de Música, por iniciativa de Francisco Manoel da Silva (1795-1865), funcionando no prédio do Museu Imperial.

S/D

No Rio de Janeiro é fundado o Conservatório de Música, por iniciativa de Francisco Manoel da Silva (1795-1865), funcionando no prédio do Museu Imperial.

1856

Compõe dois Tantum Ergo, Parada e Dobrado para banda, Fantasia sobre Alta Noite, para clarineta e piano e A Cayumba, peça para piano baseada em ritmos de dança popular.

1857

Compõe a modinha Suspiro d'Alma, com versos de Almeida Garret (1799-1854). Em sociedade com Ernest Maneille anuncia aulas de música em Campinas. No Rio de Janeiro é fundada a Imperial Academia de Música e Ópera Nacional. Compõe a Missa de São Sebastião.

1858

Em edição de janeiro de jornal de Campinas informa a dissolução da sociedade com Maneille, mas que “continua a leccionar na mesma casa e nas mesmas condições” lições de canto, canto e música e piano e canto, “pagos adeantado”.

1859

Apresenta-se ao piano, num concerto em Campinas, acompanhado de Henrique Luiz Levy (1829-1896) na clarineta e seu irmão violinista José Pedro Sant'Anna Gomes (1834-1908). Viajam para a capital da Província, São Paulo, hospedando-se em repúblicas estudantis. Compõe o Hino Acadêmico, a modinha Quem sabe? (Tão longe de mim distante), ambas com letra de Francisco Leite Bittencourt Sampaio (1834-1895), e a Missa de Nossa Senhora da Conceição. Contrariando a vontade do pai, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde se matricula no Conservatório de Música, tornando-se aluno do maestro italiano Gioacchino Giannini (1817-1860), a partir de 24 de agosto. Nas provas de final de ano, recebe menção honrosa em contraponto.

1860

Para a cerimônia de premiação da Academia Imperial de Belas Artes, Francisco Manoel
da Silva pede-lhe que componha a cantata Salve Dia de Ventura, para o aniversário da Imperatriz Teresa Cristina (1822-1889), a quem a obra é dedicada. A cantata é estreada naquela Academia em 15 de março, na presença do Imperador D. Pedro II (1825-1891), sob a regência do compositor. Em 26 de agosto, na festa da Piedade, estreia uma segunda cantata, A última hora do Calvário, apresentada na Igreja de Santa Cruz dos Militares.
Bem recebida, a obra é repetida em 11 de agosto do ano seguinte, no mesmo evento.

1861

A convite de Don Jose Amat (c.1810-c.1875), torna-se um dos regentes ensaiadores da Imperial Academia de Música e Ópera Nacional, participando de várias produções. Em 04 de setembro, no Teatro Lírico Fluminense, estreia A Noite do Castelo, sua primeira ópera, com libreto em português de A. J. Fernandes dos Reis (1830-?), extraído do poema homônimo de Antonio Feliciano de Castilho (1800-1875), tendo convidado seu pai para a ocasião. Dedica a ópera ao Imperador D. Pedro II. É homenageado pela Sociedade Musical Campesina com uma coroa de ouro (23 de setembro) e condecorado com a Imperial Ordem da Rosa, no grau de Cavaleiro (20 de outubro).

1862

Dedica-se à composição de Joana de Flandres, sua segunda ópera, com libreto em português de Salvador de Mendonça (1841-1913).

1863

Primeira apresentação de Joana de Flandres, em 15 de setembro, no Teatro Lírico Fluminense. Em 21 de outubro, dentre os alunos do Conservatório de Música, é ele o indicado para receber bolsa de estudos na Europa. Em 09 de dezembro, a bordo do paquete inglês “Paraná”, parte para a Itália, desembarcando em Lisboa. Após alguns dias, segue viagem até Madrid e dali para Paris, por via férrea, onde permanece mais tempo, partindo então para Milão.

1864

Chega a Milão em 09 de fevereiro. Não consegue ser admitido no Conservatório porque havia ultrapassado o limite de idade para ingresso. A partir de abril, passa a ter aulas particulares com o compositor Lauro Rossi (1810-1885), diretor daquela instituição, que lhe franquia assistir aulas com outros maestros. Envia, periodicamente, atestados a Francisco Manoel, comprovando seus estudos. Assina contrato com Antonio Scalvini (1835-1881), para a confecção de um libreto a partir do romance O Guarani, de José de Alencar (1829-1877), em sua versão italiana.

1865

Recebe de Scalvini os dois primeiros atos de Il Guarany e inicia a composição.

1866

É admitido nos exames de conclusão do curso de composição do Conservatório de Milão, recebendo o título de Maestro Compositore. Compõe música para a revista Se sa minga, com libreto de Scalvini, que estreia com grande sucesso no Teatro Fossati, em Milão, no mês de dezembro.

1867

Se sa minga é imediatamente reapresentada, já no mês de janeiro, em outro teatro da cidade, o Santa Radegonda, percorrendo em seguida diversas cidades italianas: Florença (dois teatros), Bolonha, Turim e Bergamo.  Carlos Gomes prossegue com a composição de Il Guarany. Compõe diversas peças para piano solo e canções.

1868

Escreve uma segunda revista, Nella Luna, com libreto de Eugenio Torelli-Viollier (1842-1900), que estreia no Teatro Carcano, em dezembro, sendo bem recebida, mas não repete o sucesso da revista anterior. Scalvini abandona o libreto de Il Guarany e Carlos Gomes contrata Carlo D’Ormeville (1840-1924) para concluir o trabalho.

1869

Carlos Gomes conclui a composição de Il Guarany em julho. É recebido nos salões da Condessa Clara Maffei (1814-1886) que teria intercedido para a inclusão da ópera na temporada do ano seguinte, no Teatro Scala de Milão. Outros estudiosos pensam que foi mais decisivo o apoio de Alberto Mazzucato (1813-1877), músico de muito prestígio que fora professor de Carlos Gomes; era representante do “Corpo dos artistas” daquele teatro e regente de orquestra, exercendo, eventualmente, a atividade de diretor artístico nos grandes teatros de Milão.

1870

Il Guarany estreia no Teatro Alla Scala de Milão, em 19 de março, com enorme sucesso. Carlos Gomes vende os direitos da obra para o editor Francesco Lucca (1802-1872) por 6.037 liras. O editor ficaria com todos os direitos de exibição e edição em território italiano e o compositor, com todos os direitos de exibição no Brasil e países não europeus. Nos demais países da Europa, dividiriam os rendimentos em partes iguais.  Com o mesmo editor, assina contrato para escrever uma nova ópera em dois anos. O Rei Vittorio Emanuele II (1820-1878) concede-lhe a comenda de cavaleiro della Corona d’Italia, em 20 de maio. Il Guarany estreia no Rio de Janeiro, em 02 de dezembro, dia do aniversário do Imperador D. Pedro II. A apresentação se encerra com verdadeira ovação.

1871

Retornando a Milão, inicia a composição da ópera I Moschettieri que fica inconclusa. Escolhido novo libreto, de autoria de Antonio Ghislanzoni (1824-1893), inicia a composição de FoscaIl Guarany retorna ao palco do Scala de Milão, em 02 de setembro, abrindo a temporada em coincidência com a inauguração da Exposição Industrial de Milão; é apresentada também em Florença e Roma, cidade onde se apresenta também Se sa minga. Em 16 de dezembro, Carlos Gomes casa-se com a pianista Adelina Peri que conhecera no Conservatório de Milão.

1872

Il Guarany continua sua trajetória de sucesso, com apresentações em cerca de sete cidades italianas, dentre elas Gênova e Turim, chegando ao palco do Covent Garden, de Londres, em julho. Sua primeira filha, Carlotta Maria, nasce em 27 de fevereiro, mas morre no mesmo ano, em 22 de julho. 

1873

Estreia de Fosca no Teatro Scala de Milão, em 16 de fevereiro, sem repetir o sucesso de sua antecessora. Em 29 de janeiro, havia nascido seu segundo filho, Carlos André (1873-1898). Ao final de abril, o compositor recebe a oferta de Giulio Ricordi (1840-1912) para escrever uma nova ópera para sua editora, grande concorrente da Casa Lucca que o representava. Aceita a oferta, começando a composição de Salvator Rosa, com libreto de Antonio Ghislanzoni, para a Ricordi. Il Guarany é representada em Palermo, Milão (Teatro Fossati), Lugo e Gênova. Em julho, um decreto do Poder Legislativo do Brasil concede ao compositor uma pensão, durante quatro anos, graças ao empenho do Deputado Alfredo d'Escragnolle Taunay (1843-1899). O valor da pensão era de 4:800$000 (quatro contos e oitocentos mil réis) anuais.

1875

Enquanto trabalha na composição de Maria Tudor e na revisão de FoscaIl Guarany é representada em Milão (Teatro Carcano) e Cagliari; Salvator Rosa, em Gênova, Turim, Trento e Modena. Fora da Itália, Il Guarany vai ao palco em Estocolmo (Suécia) e Bruxelas (Bélgica).

1876

Atende pedido do Imperador D. Pedro II e compõe Hymn for the First Centennial of the American Independence (Saluto del Brasile), hino para celebrar o Centenário da Independência norte-americana, apresentado em Filadélfia, dia 04 de julho, e repetido em Nova York, dia 09. Il Guarany foi encenada em cerca de oito cidades italianas, destacando-se Roma e Florença, além de Barcelona, Varsóvia, Montevideo e Rio de Janeiro; Salvator Rosa, em seis cidades italianas, estreando também em Montevideo, Buenos Aires e Rio de Janeiro, onde não entusiasma o público (companhia Torresi).

1877

A versão revista de Fosca é encenada, em 07 de julho, no Teatro Colón de Buenos Aires, pela companhia Ferrari que segue para o Rio de Janeiro, onde encena Il Guarany e, no dia 25 de julho, realiza a estreia de Fosca que é mal recebida. Na Itália, Il Guarany vai ao palco em Nápoles (em janeiro e novembro), Turim, Roma e Pavia, enquanto Salvator Rosa é encenada em cerca de seis cidades.

1878

Em fevereiro, a nova versão da Fosca vai ao palco do Scala de Milão com sucesso, tornando-se a ópera mais representada da temporada, com 15 récitas. 
Inicia a construção da Villa Brasilica, em Maggianico, proximidades de Lecco, sendo vizinho do compositor Amilcare Ponchielli (1834-1886). Il Guarany é apresentada em cerca de dez cidades italianas, dentre elas, Nápoles e Parma, sendo estreada em La Havana (Cuba); Salvator Rosa vai à cena em dois teatros de Florença (outubro e novembro), Roma, Milão (Teatro Dal Verme) e mais três cidades, além da ilha de Malta. No Brasil, Il Guarany é encenada no Rio de Janeiro, pela companhia Ferrari (outubro) que traz ainda Salvator Rosa e Fosca, as quais, desta vez, são muito bem recebidas. Em setembro, dia 06, nasce Ítala Maria (1878-1948) que, após a separação do casal, no ano seguinte, ficará sob a guarda da mãe.

1879

A ópera Maria Tudor estreia no Scala, em 27 de março, e não é bem recebida. Vai descansar com os dois filhos na Liguria, onde é atingido pela tragédia: seu filho Mário, de quase cinco anos, morre em seus braços, no dia 25 de agosto. Já há algum tempo havia um período de crise no casamento que os leva à separação, “por mútuo consentimento”, em setembro. Vive profunda depressão, mudando-se para Gênova com o filho Carlos André que ficara sob sua guarda. Ao final do ano, volta a residir em Milão. Il Guarany é encenada em cerca de nove cidades italianas, destacando-se Gênova, Turim, e Milão (Teatro Dal Verme); Salvator Rosa, em Vercelli. Além disso, Il Guarany também vai ao palco em Moscou e São Petersburgo, na Rússia; La Havana, em Cuba, e estreia em Salvador, Bahia, com a companhia Tomás Passini.

1880

Trabalha na reformulação de Maria Tudor. Após presenciar a estreia de Il Guarany em Lisboa, com um elenco de alto nível, viaja ao Brasil a convite do governo da Província da Bahia. Ali presencia as montagens de Salvator Rosa e Il Guarany, pela companhia Tomás Passini que, em seguida, estreia Il Guarany em Belém do Pará.  Enquanto isso, o compositor vai ao Rio, recebendo uma triunfal recepção, e assiste às montagens de Salvator Rosa e Fosca. Segue para São Paulo, presenciando as estreias locais de Il Guarany e Fosca, em ambas as cidades realizadas pela companhia Ferrari. Na Bahia, compõe o Hino do Centenário de Camões. Retorna a Milão em dezembro e matricula Carlos André no Real Colégio Longone, como interno. Durante o ano, na Itália, Salvator Rosa vai ao palco somente em Novara, mas Il Guarany tem um de seus melhores anos, subindo ao palco de doze cidades, com destaque para Bolonha e Veneza.

1881

Na Itália, Salvator Rosa e Il Guarany continuam suas trajetórias de sucesso: a primeira, com encenações em Verona e Alessandria; a segunda, é encenada em seis diferentes cidades, destacando-se: Palermo, Verona, Milão (Teatro Castelli), Florença e novamente Milão (Teatro Alla Scala); a mesma ópera é ainda apresentada em Santiago do Chile. Se sa minga retorna ao Teatro Fossati, de Milão, onde foi estreada, com atualizações.

1882

A Casa Ricordi publica duas coletâneas de canções de sua autoria, denominadas Album vocale I e II, cada uma delas contendo cinco canções para canto e piano.   
Nova viagem ao Brasil, em 16 de maio, onde presencia as montagens de Salvator Rosa, em Recife e Belém do Pará, sendo muito festejado. Vai à Bahia, onde a mesma ópera é encenada por outra companhia lírica, retornando à Itália. Em suas estadas no Brasil, torna-se habitual os anfitriões comprarem a carta de alforria de alguns escravos, em geral crianças ou idosos, dando ao compositor a honra de libertá-los publicamente, por ocasião das recepções em sua homenagem, o que também ocorria com outros artistas.  
Na Itália, Il Guarany sobe ao palco em Milão (Teatro Dal Verme), Nápoles, Florença e Asti; Salvator Rosa, em Parma, Tolentino, Treviso e Pesaro.

1883

Retornando à Itália, encomenda a Rodolfo Paravicini (1828-1900) a realização do libreto de uma nova ópera, cujo argumento recebera do amigo Taunay, em 1880, de onde se originará Lo Schiavo. Animado com os resultados das viagens ao Brasil, o compositor organiza sua própria companhia lírica, contratando, em Milão, bons cantores e instrumentistas. Chegam primeiro ao Recife, onde têm prejuízo financeiro, dirigindo-se então a Belém do Pará. Após alguns espetáculos, os problemas financeiros, desorganização, ameaça de febre amarela e até greve de artistas, obrigam-no a abandonar o comando da empreitada, deixando-o para Enrico Bernardi que a leva até o final. Retornando à Itália, compõe dois hinos: Inno-Marcia e Inno del Club Alpino que, por razões diversas, são editados pela Casa Lucca, o que teria desagradado a Casa Ricordi. Salvator Rosa inaugura a temporada lírica em cinco teatros italianos, dentre eles: Pádua, Palermo e Cremona. Il Guarany vai ao palco de oito cidades, destacando-se Pisa e Roma; no exterior, estreia na Cidade do México e Zagreb (Iugoslávia), além de ter mais uma  encenação no Teatro Colón, de Buenos Aires.

1884

Recebe de Ghislanzoni os libretos de Oldrada e I Zingari, mas não os leva adiante, tal como diversos libretos anteriores. Escreve, a pedido de D. Pedro II, a marcha Ao Ceará Livre: 25 de março de 1884, para comemorar a libertação dos escravos ocorrida primeiramente naquela província. Em Maggianico, compõe a modinha Conselhos, com texto em português. Na Itália, Il Guarany é encenada somente em Reggio Emilia, Ferrara e Milão (Teatro Dal Verme), enquanto Salvator Rosa vai à cena em Palermo. Por outro lado, a primeira delas chega aos palcos de São Francisco e Nova York, nos EUA.

1885

Passa por sérias dificuldades financeiras, agravadas com a manutenção da Villa Brasilica. A Casa Ricordi publica o Album vocale III, desta feita reunindo nove canções. No Brasil, a Princesa Isabel (1846-1921) organiza um concerto em benefício do compositor, mas quase toda a soma arrecadada destina-se a pagar compromissos bancários. Il Guarany volta a ter um bom ano na Itália, sendo montada em dez cidades, destacando-se: Pesaro, Trieste, Modena, Ravenna e Siena.

1886

Em 16 de janeiro, morre o amigo Ponchielli. Apesar do interesse demonstrado por diversos teatros italianos, não consegue viabilizar a encenação da Fosca naquele ano. Mesmo assim, continua a ser reconhecido: em novembro, é nomeado cavaleiro “oficial” da ordem della Corona d’ItaliaIl Guarany é apresentada em onze cidades, dentre elas: Ancona, Monza e Milão (Teatro Carcano); Salvator Rosa, em duas cidades, destacando-se, Lecce.

1888

Paravicini modificou profundamente o argumento original de Lo Schiavo, com a anuência do compositor, mas quando este insere na ópera o Inno della libertà, com texto do seu amigo e poeta Francesco Giganti (1854-1889), inicia um litígio que vai parar nos tribunais. A Sociedade Italiana dos Autores proíbe sua representação em toda a Itália, enquanto o libreto não for aprovado por seu autor. Incluindo trechos de Lo Schiavo, organiza concerto em homenagem a D. Pedro II que estava em Milão, onde fica gravemente enfermo. Enquanto isso, no Brasil, a Princesa Isabel (13 de maio) assina a Abolição da Escravatura. Il Guarany tem ainda um bom ano, indo à cena em nove cidades da Itália, dentre elas, Turim, Nápoles e Perugia. A mesma ópera também é apresentada em Melbourne, na Austrália.

1889

Nova versão revisada da Fosca é encenada em Modena, com grande sucesso. Uma subscrição para a encenação de Lo Schiavo, no Rio de Janeiro, é aberta pelo crítico Oscar Guanabarino (1851-1937), a pedido da Princesa Isabel. Lo Schiavo estreia no Teatro Lírico do Rio de Janeiro, em 27 de setembro, levada à cena pela companhia do empresário Musella que a leva também a São Paulo. Carlos Gomes dedica a ópera à Princesa Isabel e, em 02 de outubro, recebe a Comenda de Grande Dignitário da Ordem da Rosa. D. Pedro II teria prometido ao compositor a direção do Conservatório do Rio de Janeiro, o que não se concretiza em razão da Proclamação da República.  A ópera não foi adquirida pela Ricordi, mas esta publicou seu libreto e redução para canto e piano, realizada pelo próprio compositor, com o pseudônimo de G. Loscar. Na Itália, Il Guarany é apresentada em seis cidades, com destaque para Pádua, além de voltar à cena em Varsóvia.

1890

Retorna a Milão em janeiro, passando a residir em apartamento de propriedade da Condessa Cavallini. Em outubro, recebe do Scala de Milão a encomenda para compor a ópera Condor, com libreto de Mario Canti, trabalho que será concluído em poucos meses. Escreve Lição de Mandolino, peça onde utiliza temas folclóricos brasileiros, como “Amor tem água” e “Vem cá Bitu”. Il Guarany vai à cena de cinco cidades italianas, dentre elas: Parma, Gênova e Milão (Teatro Dal Verme), mesmo teatro que, ao final do ano, abrigará a última representação de Fosca naquele país, aclamada pelo público e a imprensa, com 30 chamadas do compositor ao palco. Salvator Rosa tem duas montagens: em Novi Ligure e Pisa.

1891

Condor estreia no Scala, em 21 de fevereiro, com Haryclee Darclée (1860-1939) no papel de Odaléa. A ópera é bem recebida, mas não entusiasma o público, mesmo tendo doze récitas.  O compositor é convidado a integrar, juntamente com Boito, Bazzini, Catalani e Martucci, a comissão que indicaria o novo diretor de orquestra do Scala. Embarca para o Brasil em maio, presenciando a estreia de Condor, no Rio de Janeiro, onde tem seis récitas, a partir de agosto, mas já não desperta o entusiasmo do público como anteriormente. Em dezembro, D. Pedro II morre no exílio, em Paris. Il Guarany vai ao palco do Teatro Pezzana, em Milão, e mais três cidades italianas.

1892

Concorre ao cargo de diretor do Liceu Musical Rossini, de Pesaro, em sucessão a Carlo Pedrotti (1817-1893), mas Pietro Mascagni (1863-1945) é o escolhido. Escreve Sonate in 4 Tempi, para cordas, obra composta e dedicada ao Clube Musical Sant’Anna Gomes de Campinas. Il Guarany é encenada em Asti e Salvator Rosa, em Pescia.

1893

Representa Condor no Teatro Carlo Felice, em Gênova, em 27 de janeiro. Nomeado membro da delegação oficial brasileira à Exposição Colombiana, em maio viaja para Chicago, mesmo sem receber a subvenção prometida pelo governo brasileiro. Sua participação restringe-se a reger, com muito sucesso, um concerto com trechos de suas óperas no Festival Hall, em 07 de setembro, para comemorar os 71 anos da Independência do Brasil. Retorna a Milão, onde o filho Carlos André encontra-se doente, com tuberculose. Il Guarany, pela quinta vez desde 1874, volta ao palco do Teatro Vittorio Emanuele, em Turim.

1894

Concorre ao cargo de diretor do Liceu Musical Rossini, de Pesaro, em sucessão a Carlo Pedrotti (1817-1893), mas Pietro Mascagni (1863-1945) é o escolhido. Escreve Sonate in 4 Tempi, para cordas, obra composta e dedicada ao Clube Musical Sant’Anna Gomes de Campinas. Il Guarany é encenada em Asti e Salvator Rosa, em Pescia.

1895

Em Lisboa, com destino a Belém, Gomes é ovacionado quando se apresenta a protofonia de Il Guarany, durante o intervalo de uma récita da Manon de Massenet no Teatro São Carlos. O Rei de Portugal, D. Carlos I, concede-lhe o título de Comendador da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem de São Tiago. Retornando a Milão, prepara uma suíte orquestral baseada em Condor, para possível apresentação na França. Recebe convites para dirigir o Conservatório Benedetto Marcello, de Veneza, que recusa, e o Conservatório de Belém do Pará. Revela-se o tumor de língua e decide partir para o Brasil. Procura tratamento em Salso Maggiore. Na Itália, Il Guarany vai ao palco de quatro cidades, mas continuará a ser apresentada regularmente, ao menos uma vez ao ano, com descontinuidade eventual, até 1918; Salvator Rosa terá apresentações mais esparsas até 1910.

1896

Em fevereiro, a suíte orquestral da ópera Condor, na França denominada Odaléa, é apresentada em Paris, sob a regência de Francisco Braga (1868-1945). Visita o filho Carlos André em um Sanatório, em Valtellina, e deixa a filha Ítala com os tios maternos. Parte de trem para Lisboa, onde se submete, em 08 de abril, a uma operação na língua, sem resultados. Embarca para o Brasil com escala em Funchal, na Ilha da Madeira, onde encontra seu amigo André Rebouças (1838-1898). Desembarca em Belém em 21 de maio. Já muito doente, praticamente não consegue trabalhar. Morre no dia 16 de setembro. No dia anterior, houve a estreia de Fosca, em Salvador, Bahia.  Seus funerais em Belém são grandiosos, com grande cortejo popular, velório no Conservatório de Belém e Missa de corpo presente na Catedral. Atendendo ao pedido do governador do Estado de São Paulo, Campos Sales (1841-1913), seu corpo é levado para Campinas e sepultado no Cemitério da Saudade. Em 18 de setembro de 1903, Santos Dumont (1873-1932) lança a pedra fundamental do monumento em sua homenagem, de autoria do escultor Rodolfo Bernardelli (1852-1931), localizado na Praça Bento Quirino, onde Carlos Gomes está sepultado desde 1905.